Queen & Slim

por @dobaspi

O espaço é pouco para falar de Queen & Slim, que hoje ocupa o primeiro lugar na minha lista de road movies (empatado com Pequena Miss Sunshine). Uma das muitas belezas do filme é mostrar que o amor pode florescer nas situações mais apavorantes: dois negros fugindo da polícia pelos EUA após matarem um oficial, em legítima defesa. 

O longa começa com o encontro frustrado entre Slim (Daniel Kaluuya) e Queen (Jodie Turner-Smith) após alguns meses de paquera em um aplicativo de namoro. Quando saem do encontro, ele dá carona para Queen até a casa dela, e como de costume, são parados por um policial, daí acontece o fatídico disparo. Queen é uma advogada e sabe o que aquela situação significa para eles: o fim da liberdade, não importam as circunstâncias, são dois negros que mataram um policial. Então ela propõe à Slim que fujam, ainda sem um plano em mente, é aí que começa a aventura. 

Daniel e Jodie são o grande espetáculo do filme, presentes em 99% do tempo de tela ele transpiram verdade em cada expressão. Queen é classuda, forte, inteligente, dura na queda. Slim é coração, empático. Juntos vão se transformando em ícones (moda, estilo e atitude). Você pode chamá-los de uma versão negra R&B de Bonnie e Clyde, muito mais sexy e perspicaz, mas é aqui que a diretora Melina Matsoukas frisa que não existe esse tipo de analogia com arquétipos brancos. Queen e Slim não escolheram estar ali, estão ali porque compartilham da mesma cor de pele, negra.

O filme é uma denúncia de racismo com visual e linguagem de videoclipe, embalado por uma trilha perfeita. Não é à toa, a diretora é a responsável pela maioria dos clipes da Beyoncé e da Rihanna. E o roteiro é da premiada Lena Waithe que se inspira em vários acontecimentos reais da história recente americana, mais precisamente no cada dia mais injusto sistema prisional e na violência policial contra a população negra, um filme para exaltar com louvor o movimento Black Lives Matter. 

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