“Ninguém Come PIB, Come Alimentos!”
Se você costuma frequentar a rede vizinha, com certeza esbarrou em vídeos da Professora Maria da Conceição Tavares, que atingiram marcas absurdas de visualizações e a transformaram em um grande sucesso, a ponto de seu nome ficar entre os assuntos mais comentados. Mas quem é Maria da Conceição Tavares e porque trouxemos uma frase dela hoje?
Economista, matemática e escritora, essa portuguesa naturalizada brasileira fugiu da ditadura salazarista e, desde 1954, vive no Brasil, onde atuou e atua tanto na esfera acadêmica quanto no governo. Participou da elaboração do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e, também, do Plano Cruzado do governo Sarney. Em 1994 foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro. Colunista da Folha de S. Paulo entre 1993 e 2004, Conceição ficou tão conhecida que ganhou até uma personagem que a imitava na Escolinha do Professor Raimundo. Professora-titular da UNICAMP e professora-emérita da UFRJ, formou não só economistas, mas também gerações de líderes políticos.
Essa frase, embora seja de uma entrevista de 2014, é mais do que atual, é atemporal. Estamos vendo o governo e seus apoiadores fazendo alarde e celebrando o crescimento do Produto Interno Bruto – o tal do PIB – como um sinal de que a economia está melhorando. O que eles esquecem de esclarecer é: está melhorando para quem? Com certeza, não para os 13,7 milhões de desempregados no país, que, aliás, tem a 4ª maior taxa de desemprego no mundo. Também não melhorou para os mais de 20 milhões de brasileiros que estão passando fome, em um país que tem 55% da sua população vivendo um quadro de insegurança alimentar e 74% de suas crianças sem conseguir realizar 3 refeições diárias. O número de brasileiros, hoje, que não tem acesso à comida é maior do que a população inteira de estados como Rio de Janeiro e Bahia.
A gente faz questão de repetir a pergunta: a economia está melhorando para quem? Refletir sobre isso pode ser o 1º passo para começarmos a mudar esse cenário desigual e cruel.